As lesões músculo-esqueleticas relacionadas com o trabalho constituem um grave problema entre os enfermeiros pois a sua profissão tem-se revelado de maior risco devido à freqüente mobilização de doentes quer no seu levante, quer na sua transferência, quer ainda no seu posicionamento na prestação de cuidados diários.
Observação:
Lesões musculo- prevenção
Em profissões que implicam estar sentado em frente ao computador por longos períodos de tempo, é importante a realização de pequenas pausas e exercícios de relaxamento muscular. Desta forma, previnem-se as lesões músculo-esqueléticas, aumentando a qualidade de vida e o rendimento no trabalho.
As lesões dorso-lombares e as lesões nos ombros constituem as principais preocupações, podendo ser ambas extremamente debilitantes. Também as que atingem os membros superiores, região escapular e pescoço se tornaram as mais novas epidemias dos últimos anos.
Decorrentes de uma origem ocupacional, elas podem ser ocasionadas, de forma combinada ou não, pelo uso repetido e forçado de grupos musculares e pela manutenção de postura inadequada.
Existem alguns factores que aumentam o risco de lesão aquando da mobilização dos utentes relacionados com a tarefa tais como a força, a repetição do movimento ou série de movimentos de forma contínua ou frequente ao longo do turno e as posições incorrectas, relacionados com o utente tais como o seu grau de colaboração, a sua estatura e peso, relacionados com o ambiente tais como o risco de escorregar, tropeçar e cair, as superfícies de trabalho desniveladas e as limitações de espaço e ainda outros factores de extrema importância como o facto de não haver ajuda disponível, a existência de equipamento inadequado bem como o vestuário e o calçado e ainda a falta de conhecimentos ou formação na área.
Neste contexto torna-se premente abordar esta temática a fim de sensibilizar os enfermeiros para esta área e transmitir-lhes conhecimentos que lhes permitam prestar cuidados de qualidade não colocando em risco a sua própria saúde a curto, médio ou a longo prazo pois “coluna vertebral só temos uma”.
A mecânica corporal é o esforço coordenado dos sistemas músculo-esqueléticos e nervoso para manter o equilíbrio adequado, postura e alinhamento corporal durante a inclinação, movimentação, levantamento de carga e execução das actividades diárias.
Entenda-se por equilíbrio, o estado de firmeza de posição que maximiza a função com o mínimo esforço e trabalho muscular; a postura é responsável pela determinação da distribuição do peso do corpo e a relação mútua entre músculos e articulações e o alinhamento corporal pode definir-se como a relação adequada de todas as partes do corpo entre si, em repouso ou em qualquer atividade. Há que lembrar também a presença do atrito/fricção resultado do efeito de roçar ou da resistência que um corpo encontra na superfície sobre o qual se movimenta e que deverá ser sempre eliminado ou reduzido.
Assim, pode perceber-se que quando o corpo não está estabilizado, o centro de gravidade fica deslocado contribuindo para a possibilidade de queda, esta a evitar. A estabilidade é conseguida quando há uma base de apoio alargada e o centro de gravidade está dentro desta base formando uma linha vertical; por outro lado, consegue-se aumentar o equilíbrio aproximando-se o centro de gravidade da base, ou seja, dobrando os joelhos e flexionando os quadris até estar agachado mantendo a coluna reta.
Fragilidade dos Músculos, dos Tendões e dos Ligamentos
Os músculos, os tendões e os ligamentos sofrem laceração quando submetidos a forças superiores à sua força intrínseca. Por exemplo, eles podem ser lesados quando eles são muito fracos ou tensos para o exercício que está sendo tentado. As articulações apresentam uma maior propensão à lesão quando os músculos e os ligamentos que lhes provêem sustentação são fracos, como ocorre após um entorse. Os ossos enfraquecidos pela osteoporose podem fraturar facilmente.
Os exercícios de fortalecimento ajudam a evitar lesões. A prática regular de exercícios não aumenta nem fortalece significativamente os músculos. O único modo de fortalecimento dos músculos consiste no exercício dos mesmos contra uma resistência progressiva como, por exemplo, praticar um esporte mais intensamente, levantar pesos progressivamente maiores ou usar equipamentos especiais de fortalecimento.
Os exercícios de reabilitação para o fortalecimento de músculos e tendões já recuperados geralmente são realizados com levantamentos ou pressão contra resistência, em séries de oito a doze repetições e nunca em uma freqüência superior que em dias alternados.
Diagnóstico
Para diagnosticar uma lesão esportiva ou qualquer lesão músculoesquelética, o médico questiona ao paciente quando e como a lesão ocorreu e quais foram as atividades recreativas e ocupacionais realizadas recentemente ou de maneira rotineira. Ele também realiza o exame da área lesada.
O paciente pode ser encaminhado a um especialista, para a realização de exames mais detalhados. Os exames diagnósticos incluem radiografias, a tomografia computadorizada (TC), a ressonância magnética (RM), a artroscopia (visualização da articulação lesada com o auxílio de um pequeno aparelho visualizador inserido na articulação), a eletromiografia, e investigações computadorizadas da função muscular e articular.
Fratura por Estresse do Pé
Visão Superior.
Joelho
O joelho do corredor (síndrome de tensão patelofemoral) é um distúrbio no qual a patela (rótula) atrita contra a extremidade do fêmur quando o joelho se move. A patela é um osso circular preso a ligamentos e tendões em torno do joelho.
Durante a corrida, a patela move-se discretamente para cima e para baixo sem tocar o fêmur. O joelho do corredor pode ser causado por um defeito estrutural, como a patela localizada muito alto em relação à articulação do joelho (patela alta), ou a contração dos músculos posteriores da coxa, a contração dos tendões de Aquiles e a fraqueza da musculatura da coxa – a qual normalmente auxilia na estabilização do joelho.
A causa tratável mais comum é a rotação excessiva dos pés para o interior (pronação) quando o indivíduo anda ou corre, enquanto os músculos da coxa (quadríceps) tracionam a patela para fora (lateralmente). Em conjunto, essas forças fazem com que a patela atrite contra a extremidade do fêmur. A dor e algumas vezes o edema geralmente iniciam durante a corrida e concentram-se sob a superfície da patela No início, somente as corridas descendentes provocam dor. No entanto, após algum tempo, qualquer corrida produz dor e, finalmente, mesmo os outros movimentos do membro inferior são dolorosos, especialmente o ato de descer escadas.
É importante que o indivíduo evite correr até que a corrida não cause mais dor. Para manter o condicionamento físico, ele pode realizar outros exercícios, como o ciclismo (quando este não causar dor), o remo e a natação. Também são úteis os exercícios de alongamento dos músculos posteriores e anteriores (quadríceps) da coxa e de fortalecimento do vasto medial (um músculo interno da coxa que traciona a patela medialmente). Podem ser úteis os suportes para o arco do pé, adquiridos em estabelecimentos comerciais, utilizados tanto em calçados esportivos quanto nos calçados comuns. Algumas vezes, é necessária a confecção de palmilhas sob medida.
Joelho do Corredor
Normalmente, a patela (rótula) move-se discretamente para cima ou para baixo sem tocar o fêmur durante a corrida. Se os pés rodarem excessivamente para o interior (pronação), a perna roda medialmente, tracionando também a patela medialmente, enquanto que o músculo quadríceps da coxa traciona a patela lateralmente. Essas forças opostas fazem a parte posterior da rótula atritar contra a extremidade do fêmur, o que provoca dor.
Dorsalgia
A dorsalgia do levantador de peso (estiramento lombar) é uma lesão que ocorre nos tendões e músculos da região lombar, causando espasmos musculares e inflamação. Qualquer esforço importante pode causar lacerações musculares e tendinosas da região lombar. Este tipo de lesão é comum em esportes que exigem o ato de empurrar ou puxar contra uma grande resistência, como o ato de levantar um grande peso do chão no halterofilismo ou o ato de empurrar um adversário no futebol americano. Esse tipo de lesão também ocorre em esportes que exigem a rotação súbita das costas: a rotação para driblar o adversário após um rebote no basquetebol, o ato de balançar um bastão em um jogo de beisebol ou de balançar um taco de golfe.
Os fatores de risco de uma lesão da região lombar incluem uma curvatura exagerada da porção inferior da coluna vertebral, a inclinação para frente da pelve, a contratura ou fraqueza da musculatura da região, a fraqueza da musculatura abdominal ou a contratura ou fraqueza dos músculos posteriores da coxa. As costas também apresentam uma propensão à lesão quando a coluna vertebral apresenta um enfraquecimento decorrente de uma artrite, de um desalinhamento vertebral, de um deslizamento ou de uma ruptura discal ou de um tumor vertebral. Uma lesão da região lombar geralmente causa uma dor súbita nessa região durante uma rotação ou durante o ato de empurrar ou puxar algo. Inicialmente, a dor não é suficentemente intensa a ponto de impedir a continuação do exercício. exercício. No entanto, o músculo ou o tendão lacerado continua a sangrar e a edemaciar e, 2 a 3 horas mais tarde, ele entra em espasmo e causa uma dor intensa.
Como os espasmos musculares podem ser agravados por qualquer movimento das costas, o indivíduo geralmente prefere permanecer imóvel, freqüentemente assumindo a posição fetal. À palpação da região lombar, o indivíduo pode sentir dor e esta pode piorar quando ele flexiona o corpo para frente. Assim que possível após a lesão, o indivíduo deve repousar e aplicar gelo e compressão sobre a região afetada. Após o início do processo de cura, os exercícios de fortalecimento da musculatura abdominal, a qual auxilia na estabilização das costas, e os de alongamento e fortalecimento dos músculos das costas são benéficos. Um aparelho de remo é excelente para o fortalecimento das costas, desde que ele não provoque dor. Uma curvatura exagerada na região lombar, a qual tende a aumentar a tensão sobre os músculos de suporte da região lombar, é determinada em grande parte pela báscula da pelve.
Portanto, uma curvatura exagerada pode ser diminuída através de várias modalidades de exercícios que inclinem a porção superior da pelve para trás, para uma posição mais normal. Esses exercício incluem os de fortalecimento da musculatura abdominal (encurtando-os) e os de alongamento dos músculos da coxa (alongando-os). O uso de um cinto durante o levantamento de pesos ajuda a evitar as lesões das costas.
Prevenção de Lesões das Costas
Inclinação (báscula) da pelve (para diminuir uma curvatura exagerada da região lombar) Deite-se de costas com os joelhos flexionados, os calcanhares apoiados contra o solo e o peso sobre os calcanhares. Abaixe a região lombar até tocar o chão, eleve as nádegas cerca de 1,5 centímetro do chão e contraia os músculos abdominais. Mantenha essa posição durante uma contagem até dez. Repita 20 vezes. Realize esse exercício diariamente.
Abdominais (para fortalecer a musculatura abdominal) Deite-se de costas com os joelhos flexionados e os pés apoiados contra o solo. Coloque as mãos sobre o abdômen. Mantendo os ombros em contato com o solo, eleve a cabeça lentamente. Eleve os ombros lentamente até 25 centímetros acima do solo. Em seguida, abaixe-os lentamente. Realize três séries de dez. Quando esse exercício tornar-se muito fácil, enrole um peso numa toalha e segure-o atrás do pescoço durante a execução do exercício. Aumente o peso à medida que sua força aumentar.
Alongamento do quadril e do quadríceps Fique em pé, com um dos pés em contato com o solo e o joelho da outra perna flexionado num ângulo de 90°. Com a mão do mesmo lado da perna flexionada, segure a região anterior do tornozelo. Mantendo os joelhos unidos, empurre o tornozelo para trás, levando o calcanhar em direção às nadegas. Mantenha a posição durante uma contagem de dez. Repita o exercício com a outra perna. Realize esse exercício dez vezes.
Alongamentos da região lombar Sentado, tocar os dedos dos pés Sente-se no chão com os joelhos estendidos e as pernas afastadas o máximo possível. Coloque as duas mãos sobre o mesmo joelho. Lentamente, deslize as mãos sobre a perna em direção ao tornozelo. Interrompa o exercício se sentir dor e não ultrapasse a posição que pode ser mantida confortavelmente durante dez segundos. Lentamente, solte a perna. Repita o exercício com a outra perna. Realize esse exercício dez vezes com cada perna.
Elevação de apenas uma perna com arqueamento da coluna vertebral Deite-se de costas, flexione os joelhos e apóie os dois calcanhares contra o solo. Mantendo os joelhos flexionados, segure um deles com as duas mãos e conduza-o até o peito. Mantenha a posição durante uma contagem até dez. Lentamente, abaixe a perna e repita o exercício com a outra perna. Realize essa série dez vezes.
Cisne (para aumentar a flexibilidade das costas) Posicione-se em decúbito ventral, com os cotovelos flexionados e as mãos tocando as orelhas. Simultaneamente, eleve os ombros e as pernas. Não flexione os joelhos. Mantenha essa posição durante uma contagem até dez e repita o exercício 20 vezes. Realize esse exercício diariamente. Cuidado! A extensão forçada da coluna vertebral pode piorar muitos problemas das costas. Realize esse exercício com cuidado e pare imediatamente ao sentir dor.
Em seguida vamos enumerar alguns princípios orientadores para as intervenções de enfermagem:
01. Manter um correto alinhamento do corpo/postura;
02. Planear os seus movimentos;
03. O movimento tem que ser econômico e estético;
04. Ser realista quanto à capacidade para levantar determinado peso.
05. Evitar levantar pesos do chão acima de 35% do seu peso;
06. Se está a movimentar uma pessoa, avaliar a ajuda que ela pode dar;
07. A estabilidade de um corpo é maior quando tem uma base longa e um centro de
gravidade baixo;
08. Puxar ou deslizar requer menos esforço que levantar;
09. Usar o sistema de alavanca para tornar a energia eficiente.
10. Os ossos funcionarão como alavanca, as articulações como fulcro e os músculos
como força para mover a carga;
11. O atrito entre o objecto e a superfície sobre o qual se move, aumenta o trabalho
necessário para movê-lo;
12. Acompanhar a direcção do movimento, evita a rotação anormal da coluna;
13. A mudança de actividade e de posição são importantes para conservar o
tónus muscular e a fadiga;
14. Utilizar roupa cômoda que permita a liberdade de movimentos e calçado que não
escorregue;
15. Dividir o peso pelos 4 membros, reduz o risco de lesões osteo-articulares do tronco;
16. A força requerida para manter o equilíbrio de um corpo aumenta conforme a linha
de gravidade se afasta da base de apoio.
A imagem acima pretende resumir alguns dos principais aspectos relacionados com uma correcta higiene postural na transferência de utentes entre superfícies.