1. O que é vírus HTLV?
Resposta: O vírus HTLV (sigla da língua
inglesa que indica vírus que infecta células T humanas) é um retrovírus
isolado em 1980 a partir de um paciente com um tipo raro de leucemia de
células T. Apresenta dois tipos: O HTLV-I que está implicado em doença
neurológica e leucemia, e o tipo 2 (HTLV-II) que está pouco evidenciado
como causa de doença.
2. Todas as pessoas que estão infectadas pelo HTLV-I irão desenvolver alguma doença?
Resposta:
Não. A minoria dos portadores assintomáticos (sem sintomas) poderão
desenvolver alguma doença. No Japão, por exemplo, 14 em cada 1500
portadores assintomáticos poderão desenvolver a doença neurológica
(dificuldade de andar). No caso de leucemia o risco é ainda menor, ou
seja, um em cada 10.000 portadores poderá desenvolve-la ao longo da
vida.
3. Sou portador sem sintomas de HTLV-I, quais os primeiros sintomas que poderão aparecer?
Resposta:
Como já enfatizamos, cerca de 99% das pessoas portadoras do HTLV-I
NUNCA desenvolverão qualquer problema de saúde relacionado ao vírus
HTLV. Entretanto, alguns pacientes podem desenvolver problemas
neurológicos, geralmente, começam a se queixar de dores nos membros
inferiores (panturrilhas), na região lombar (parte inferior da coluna
lombar), dificuldade de defecção ou micção. Estes sintomas são sempre
progressivos e estão na região abaixo da linha do umbigo.
4. Quais os modos de transmissão mais freqüentes do HTLV?
Resposta:
O HTLV possui as mesmas rotas de transmissão que outros vírus como
vírus da imunodeficiência humana (HIV) e vírus da hepatite C (HCV): pela
relação sexual desprotegida com uma pessoa infectada; uso em comum de
seringas e agulhas durante a droga-adição; da mãe infectada para a o
recém-nascido (principalmente pelo aleitamento materno).
5. Existe risco de transmissão através da transfusão de sangue?
Resposta:
Felizmente, desde de 1993 todos os bancos de sangue do Brasil devem
testar os doadores de sangue para o HTLV. Assim, o risco de transmissão,
praticamente, não existe em nosso país, nos últimos 7 anos.
6.
Sou portador de HTLV-I assintomático e minha esposa é negativa para
este vírus, assim gostaria de saber se devo usar preservativo nas
relações sexuais?
Resposta: Existe a recomendação para uso de
preservativo (camisinha) em todas as relações sexuais, tanto neste caso
como naqueles onde a mulher é soropositiva para o HTLV e o parceiro não.
7. Tenho 28 anos e sou portadora do HTLV-I assintomática e gostaria de saber se existe algum impedimento de ter filhos?
Resposta:
As chances de transmissão vertical são consideradas baixas (<10%)
durante a gravidez. Entretanto, recomenda-se não amamentar no peito,
pois o risco de transmissão pelo leite materno é razoável. Uma
alternativa é o uso de leite vindo de bancos de leites, ou uso de
fórmulas.
8. Quais as pessoas que deveriam ser testados para HTLV?
Resposta:
Sabendo os modos de transmissão, podemos indicar os grupos que mais
poderiam estar expostos a este vírus: pessoas que utilizam (ou usaram)
drogas endovenosas onde trocavam seringas ou agulhas, pessoas portadoras
de HIV e pessoas que receberam transfusão de sangue antes de 1993.
9. Existe algum predisponente genético para o desenvolvimento de doença ?
Resposta: Parece que algumas pessoas possuem uma predisposição genética para o desenvolvimento, porém isto ainda está em estudo.
10. Quais os cuidados médicos que devo seguir sendo um portador de HTLV-I?
Resposta:
Na primeira consulta, além da sorologia para HTLV-I/II, geralmente
solicitamos sorologia para agentes que, potencialmente, apresentam rotas
similares de transmissão como o vírus da hepatite B, vírus da hepatite
C, HIV e sífilis. Em nosso Serviço de Ambulatório, os indivíduos
portadores assintomáticos tem consulta a cada seis meses de intervalo.
Os exames de sangue solicitados são: hemograma completo, contagem de
linfócitos T CD4/CD8, cultura de linfócitos, protoparasitológico,
Glicemia, DHL.
11. Existe algum exame de
sangue que indique o risco do desenvolvimento de doença em pessoas
assintomáticas e portadoras de HTLV-I?
Resposta: Até o momento
nenhum exame tem esta capacidade. Entretanto, novos estudos indicam que a
quantidade do vírus HTLV-I no sangue, chamada carga viral, poderá
indicar algum risco.
12. Qual o tratamento para os indivíduos assintomáticos para HTLV-I?
Resposta:
Como o risco do desenvolvimento da doença associado ao HTLV-I é muito
baixo, não existe indicação de tratamento nos casos assintomáticos, até
este momento.
13. Quais os casos que merecem tratamento ?
Resposta:
Os casos onde existem sintomas comprovados de doença associada ao
HTLV-I, como paraparesia espástica tropical (TSP), uveíte, ATL, entre
outras. O tratamento irá depender de uma avaliação neurológica, assim
como estadiamento do grau de comprometimento, tempo de evolução,
presença de outras infecções virais etc.
14. Como se faz o diagnóstico da infecção pelo HTLV-I?
Resposta:
Somente por exame sorológico específico para pesquisa de anticorpos
anti-HTLV-I/II no sangue. Após os exames de triagem, geralmente
utilizando teste de ELISA, existe uma necessidade, em caso deste teste
ser reativo (positivo) da realização do teste para confirmar e
diferenciar anticorpos anti-HTLV-I e anti-HTLV-II.