quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

HIPOTIREODISMO

Sinônimos e Nomes populares

Diminuição de funcionamento da tireóide; falta de tireóide, tireóide cansada.

O que é?

Conjunto de sinais e sintomas decorrentes da diminuição dos hormônios da tireóide.


É caracterizado pela diminuição ou pela baixa produção dos hormônios T3 (triodotironina) e T4 (levotiroxina).

Afeta cerca de 1% a 3% da população geral, sendo problema médico comum. É mais freqüente entre as mulheres, em uma proporção de 4 para 1 em relação aos homens. A faixa etária de maior incidência é de 40 a 60 anos. Pesquisas estimam a existência de aproximadamente 5 milhões de brasileiros com hipotireoidismo. "A grande maioria não foi ainda diagnosticada", alerta a médica Ivana Victória.


As causas mais comuns do hipotireoidismo são a inflamação crônica da tireóide (chamada tireoidite ou doença de Hashimoto), as manifestações pós-cirúrgicas (retirada parcial ou total da glândula) e as de decorrência de tratamentos prévios de glândula hiperativa. A doença de Hashimoto tem traços genéticos e caracteriza-se pela produção exagerada de anticorpos pelo sistema imunológico que agridem a própria glândula. É uma doença auto-imune que provoca a diminuição da capacidade funcional da glândula.

Uma causa comum em décadas passadas, mas rara nos dias de hoje, é deficiência de iodo no organismo (necessário para a produção dos hormônios tireoideanos). Os produtores de sal são obrigados, por lei, a adicionar iodo ao produto industrializado. "É uma maneira barata e simples de repor o iodo e evitar o hipotireoidismo devido à sua deficiência", comenta a médica.



Mal Congênito


O hipotireoidismo pode também ser congênito (ocorrer em recém-nascidos). A prevalência é de 1 para cada 4 mil nascidos-vivos. A disfunção pode ser detectada precocemente, através do "Teste do Pezinho". Se não identificada até o terceiro mês de vida, pode levar ao retardo do desenvolvimento físico e mental dos bebês. A criança com "cretinismo" (como é chamado o mal) apresenta dificuldades para sugar o leite materno e tem a pele amarelada.



Sinais e Sintomas



Um grande número de pessoas apresenta sintomas "vagos" de cansaço e desânimo. Muitos acabam atribuindo esses sinais, de forma errônea, ao avanço da idade. Os sinais e sintomas mais comuns do hipotireoidismo são: fadiga, desânimo, movimentos lentos, discreto aumento de peso ou dificuldade para perdê-lo, sonolência diurna, intolerância ao frio, memória fraca, irregularidade menstrual (e em casos mais graves até infertilidade), dores, cãibras musculares, cabelos e pele secos, queda de cabelos, unhas fracas, prisão de ventre, depressão, irritabilidade, rosto e mãos inchados.

"O número e a intensidade dos sintomas variam conforme a duração e o grau da deficiência hormonal da tireóide. Algumas pessoas com hipotireoidismo podem não apresentar sintomas evidentes. Nesses casos, o diagnóstico dever ser realizado através de exames laboratoriais de rotina", explica. O aumento da tireóide (bócio ou papo) pode ser observado e detectado durante o exame clínico ou mesmo através da queixa do paciente de um "colarinho apertado".



Efeitos pelo Corpo

01. CORAÇÃO: Diminuição dos batimentos cardíacos.

02. CÉREBRO: Dificuldade de concentração e depressão.

03. APARELHO DIGESTIVO: Constipação intestinal (prisão de ventre).

04. MÚSCULOS: Fraqueza, dor e fadiga.

05. RINS: Retenção de líquidos, levando à edema das pálpebras, principalmente pela manhã.

06. FÍGADO: Diminuição do metabolismo do colesterol com aumento dos seus
níveis sangüíneos.

07. ÓRGÃOS REPRODUTIVOS: Alterações menstruais, abortos naturais e infertilidade.

08. PELE E CABELO: Queda de cabelos, ressecamento da pele.

09. OUTROS SINTOMAS: Apatia, reflexos lentos, discreto ganho de peso ou dificuldade de perdê-lo e dores articulares.



Diagnóstico e Tratamento


O hipotireoidismo pode ser facilmente diagnosticado por meio de um exame de sangue e é tratável.. O teste identifica se há níveis baixos do hormônio T4 e níveis elevados do hormônio TSH. Essas dosagens podem ser complementadas com a determinação dos anticorpos contra a tireóide (anti-TPO e anti-tireoglobulina), o que identifica a ocorrência da doença de Hashimoto.

O tratamento do hipotireoidismo consiste na reposição oral de hormônio específico (Levotiroxina-T4), uma vez ao dia, preferencialmente pela manhã em jejum. Esse medicamento repõe o hormônio que a glândula deixou de secretar. A dosagem deve ser individualizada. "É importante que o paciente receba a quantidade certa de hormônio", reforça a Dra. Ivana Victória.

Pesquisas recentes indicam que um excesso de hormônios tireoideanos pode causar perda excessiva de cálcio nos ossos, com risco aumentado para a osteoporose. "Sobretudo em pacientes com doenças cardíacas, a dosagem certa é extremamente importante. Mesmo uma dose pouco excessiva nesses pacientes pode aumentar o risco de arritmias ou piora de angina", alerta.



Na Gravidez

Mulheres que engravidam durante o tratamento podem ficar tranqüilas, já que o medicamento reproduz com precisão o hormônio secretado naturalmente pela própria glândula, quando não há disfunção. "É importante, consultar seu médico, já que a dosagem do T4 pode necessitar de ajuste durante a gravidez", orienta.



Sinopse


Perguntas e Respostas


O que é hipotireodismo?

Conjunto de sinais e sintomas decorrentes da diminuição dos hormônios da tireóide.

Como se desenvolve?

É um quadro clínico que ocorre pela falta dos hormônios da tireóide em decorrência de diversas doenças da tireóide.

No recém-nascido, as causas mais freqüentes envolvem:

a falta de formação da glândula tireóide (defeitos embrionários)

defeitos hereditários das enzimas que sintetizam os hormônios

doenças e medicamentos utilizados pela mãe que interferem no funcionamento da glândula da filho.

Em adultos, a doença pode ser provocada por:

doença auto-imune (tireoidite de Hashimoto)

após cirurgia de retirada da tireóide por bócio nodular ou neoplasia

por medicamentos que interferem na síntese e liberação dos hormônios da tireóide (amiodarona, lítio, iodo)

(mais raramente) por bócio endêmico decorrente de deficiência de iodo na alimentação

O que se sente?

No recém-nascido, ocorre:

choro rouco

hérnia umbelical

constipação

apatia

diminuição de reflexos

pele seca

dificuldade de desenvolvimento

Se o paciente não receber tratamento adequado até a quarta semana de vida, pode ocorrer retardo mental severo, surdez, e retardo no desenvolvimento de peso e altura.

Na criança, a doença pode provocar déficit de crescimento associado à:

pele seca

sonolência

déficit de atenção

constipação

intolerância ao frio

apatia










No adulto, os sintomas são de:

intolerância ao frio

sonolência, constipação

inchumes nas extremidades e nas pálpebras

diminuição de apetite

pequeno ganho de peso

fraqueza muscular

raciocínio lento

depressão

cabelos secos, quebradiços e de crescimento lento

unhas secas, quebradiças e de crescimento lento

queda das pálpebras

queda de cabelos

A doença predomina no sexo feminino, no qual ocorre também irregularidade menstrual, incluindo a cessação das menstruações (amenorréia), infertilidade e galactorréia (aparecimento de leite nas mamas fora do período de gestação e puerpério).

Quando a doença tem causa auto-imune (tireoidite de Hashimoto) pode ocorrer vitiligo e associação com outras moléstias auto-imunes:

endócrinas (diabetes mellitus, insuficiência adrenal, hipoparatireoidismo)

sistêmicas (candidíase, hepatite auto-imune)

Como o médico faz o diagnóstico?

No recém-nascido, deve ser realizada a triagem neonatal através da dosagem de T4 ou TSH em papel filtro. Se essas dosagens forem alteradas, o exame deve ser confirmado com os mesmos procedimentos no sangue e, se alterados, iniciar de imediato o tratamento.

No adulto, o diagnóstico é estabelecido pelas dosagens de T4 e TSH, e se os mesmos estiverem alterados (T4 baixo e TSH elevado), deve ser buscada a causa do problema através da pesquisa de anticorpos antitireoperoxidase (anti-TPO), antimicrossomais ou antitireoglobulina, que demonstrarão a causa auto-imune do distúrbio. Em pacientes com cirurgia prévia, além dos anticorpos, pode ser realizada também a pesquisa do resíduo de tecido tireóideo remanescente através da ultra-sonografia ou da cintilografia de tireóide. Deve ser também analisado o perfil lipídico do paciente, uma vez que ocorre severa dislipidemia associada ao estado de hipotireoidismo.

Como se trata?

O tratamento de todas as formas de hipotireoidismo é realizado com Tiroxina (T4) em doses calculadas de 1,6 a 2,2 microgramas por Kg de peso corporal no adulto e de 3 a 15 microgramas por kg de peso corporal, dependendo da idade do paciente. O controle do tratamento é realizado pela dosagem de TSH, que deve se manter sempre normal. Nos pacientes dislipidêmicos devem ser monitorizados também os níveis de colesterol e triglicerídeos.

Como se previne?

Os casos que ocorrem após a cirurgia de retirada da tireóide por bócio nodular ou neoplasia podem ser prevenidos através de cirurgia adequada no momento em que a mesma é indicada para o tratamento de bócio. Nas demais situações pode ser realizado um diagnóstico precoce, porém prevenção primária não é disponível.

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