quinta-feira, 21 de março de 2019

PRÁTICA DE ENSINO III

                                                 RESUMO BÁSICO

A avaliação educacional e a prática docente cotidiana: reflexões iniciais.
 É necessária a inclusão dos conhecimentos sobre métodos e técnicas de avaliação, na prática docente. Conceitos de Paulo Freire, como educação bancária, problematização e aprendizagem crítica, entre outros, fundamentaram essa discussão.
    Nos currículos tradicionais dos cursos de formação de professores, a Prática de Ensino funciona como uma espécie de integradora das disciplinas teóricas específicas com as de fundamentação, voltadas para a Educação. Ou seja, uma prática que vem depois da teoria e, dessa forma, se apresenta dela dissociada.
O conceito de problematização apresentado por Paulo Freire expressa uma visão e uma prática de avaliação que são o oposto das posturas tradicionais e autoritárias: um desafio que, vencido por meio da compreensão, conduz à compreensão crítica do mundo.
   O marco inicial da Prática de Ensino deve ser a discussão dos aspectos epistemológicos do ensino, e esta reflexão não pode ser limitada às questões técnicas do mesmo, mas deve abranger os contextos social e político, internos e externos à escola, à ética, à moral e à equidade.
Paradigmas avaliativos: paradigma objetivista
O que são paradigmas?
Existência de dois deles: os paradigmas objetivista e subjetivista.
No paradigma objetivista, são bem evidentes as preocupações com a objetividade cientificamente construída. No paradigma objertivista, acentua-se as práticas avaliativas realizadas em nossas escolas, onde disputa a hegemonia com o paradigma subjetivista, que se apresenta como uma alternativa a ele.
O paradigma subjetivista
No paradigma subjetivista não são evidentes as preocupações com a objetividade cientificamente construída. Ao contrário do paradigma objetivista, o subjetivista admite que a Ciência contém impregnações diversas e que, de fato, é pouco objetiva, é parcial e incapaz de formular leis gerais sobre o funcionamento da natureza. Suas bases epistemológicas situam-se nos limites do idealismo. Sua presença nos processos de avaliação educacional é acentuada, disputando ainda hoje a hegemonia com o paradigma objetivista.
        A avaliação como operação de Medida
A avaliação como operação de medida se utiliza de testes e provas como seus principais instrumentos. Sempre procura responder à questão “quanto vale” o produto escolar realizado pelo aluno, sem se preocupar com o processo de realização. Possivelmente, por esta razão, procura sempre garantir a legitimidade do produto realizado contra as fraudes ou, em linguagem escolar, “colas”. As preocupações com a validade e fidedignidade dos resultados geram estudos docimásticos e fazem avançar uma nova ciência denominada Docimologia.
A avaliação como operação de medida: fidedignidade, validade e planejamento de testes escolares.
As noções de fidedignidade e validade têm papel relevante no contexto da avaliação como operação de medida. Graças aos cuidados com uma e outra noção, os testes podem ser padronizados. Não é, porém, uma tarefa das mais fáceis a elaboração de um teste bem calibrado. Há, pelo menos, seis fases, que vão desde a definição do que medir até a comunicação dos resultados aos alunos e às suas famílias.
Avaliação por objetivos, competências e habilidades em relação aos propósitos educacionais
Há muito claramente, pelo menos, dois propósitos educacionais:
a)      Educar para Ser ;
b)       Educar para Ter.
A opção por um ou outro não é aleatória ou ingênua.
- Educar para Ser: significa Educar o Sujeito para seu próprio deleite, para que se delicie como ser humano, que se realize como pessoa na relação com os outros e com as coisas.
- Educar para Ter: está associado à instrumentalização do sujeito para acumular bens, consumir etc. Nesse sentido, age em conformidade com as emulações sociais, podendo tornar-se ambicioso, competitivo.
Segundo a lógica da Teoria do Capital Humano, os Estados que investem na educação das crianças, jovens e adultos se beneficiam na medida que, se tornam mais produtivos, sofisticados consumistas etc. As modalidades de avaliação com referências a objetivos e a competências e habilidades têm sido usadas em conformidade com a Teoria do Capital Humano.
 Avaliação com referência a objetivos

A história da avaliação por objetivos relaciona-se com o período da Segunda Guerra Mundial, com a reconstrução no pós-guerra e com a reordenação do processo produtivo no Brasil, a partir do final dos anos 50. Naquela ocasião, de modo semelhante ao que ocorria no mundo do trabalho fabril, a objetivação do trabalho pedagógico implicou também a adoção de princípios de racionalidade, eficiência e produtividade. A avaliação por objetivos significa um avanço no âmbito da avaliação como operação de medida ao trazer, para o centro do processo, os objetivos cognitivos e as taxionomias de objetivos cognitivos e afetivos, particularmente a taxionomia elaborada por Benjamin S. Bloom e equipe.
Avaliação com referência a competências e habilidades
  A avaliação com referência a competências e habilidades, assim como as demais modalidades, situa-se no âmbito do paradigma objetivista.  As  avaliações ao seu modo, apresentam-se preocupadas com a eficiência do ensino e da aprendizagem. Como as demais, ela também deixa de tornar relevante a subjetividade de cada aluno, isto é, deixa de trazer para o centro da cena educacional o modo de ser, fazer, viver, enfim, a individualidade.
  O surgimento desta nova tendência ou modalidade de avaliação, em consonância com seu tempo, tem a ver com as necessidades de inserção do País no mundo globalizado, daí, a re-significação das práticas escolares de ensino, aprendizagem e avaliação, visando a que o aluno aprenda a aprender, saiba ser, saiba fazer, e saiba conviver.
Avaliação com referência a competências e habilidades – o discurso oficial
A LDB (Lei 9.394/96), os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), o Documento Básico do ENEM e o Relatório para a Unesco da Comissão Internacional para a Educação para o século XXI permitem-nos apreender o teor do discurso oficial brasileiro direcionado para a educação dos nossos jovens e das nossas crianças. Permitem-nos também destacar a importância que a Pedagogia e, também, a avaliação com referência a competências e habilidades passam a ter na formação do aluno, para atuar em um mundo onde o trabalho, cada vez mais, se “desmaterializa”, com suas máquinas se tornando mais inteligentes e suas tarefas de produção mais intelectualizadas.
        A avaliação como auxílio para a tomada de decisão-introdução
A avaliação para a tomada de decisão é uma modalidade avaliativa que se insere no âmbito do paradigma subjetivista. Apresenta duas vertentes: a proposta de Stufflebeam e a de Luckesi, observando-se que ambas se preocupam com o sucesso dos alunos na ação de formação. Luckesi, porém, influenciado pela Teoria Crítica, tem a expectativa de que essa avaliação possa contribuir para a emancipação do estudante, sempre considerado como sujeito do seu processo de aprendizagem e futuro cidadão livre, vivendo em uma sociedade democrática e justa. Nas duas vertentes, o conceito é o mesmo: avaliar é emitir um juízo de qualidade, com base em dados relevantes – colhidos ao longo da ação de formação – com vistas à tomada de decisão.
          Avaliação como auxílio para a tomada de decisão
  A avaliação para a tomada de decisão, assim como outras modalidades avaliativas, também se apresenta sujeita a críticas. Algumas destas críticas talvez sejam as mais consistentes e admiráveis. Tais críticas relevam seus problemas técnicos, de execução e de limites, assim como seu uso estratégico. Contudo, é importante seu uso em processos de formação comprometidos com a construção de uma sociedade livre, democrática, justa, de cidadãos não-alienados pela indústria cultural.


RESPONDA:

Questão 1;
- Explique  a importância dos conhecimentos de Prática de Ensino para a formação do futuro educador.
Desenvolvimento:
  A Prática de Ensino para o futuro educador, é o alicerce para que o mesmo obtenha uma  futura atuação baseada no conhecimento e técnicas educativas, já estudadas e bem elaboradas por educadores de sucesso. A Prática de Ensino requer do futuro educador um trabalho de construção de conceitos a partir da visão do aluno e dos conhecimentos que vão sendo adquiridos, ela faz com que o próprio aluno descubra os conceitos e idéias a serem assimilados e com isso proporciona a oportunidade da descoberta e do prazer pelo saber. Como sabemos o saber docente não é formado apenas da prática, mas, também, pelas teorias da educação. A interação entre os saberes gera o desenvolvimento de uma Prática Pedagógica autônoma e libertadora. Um bom professor não se constitui apenas de teoria, mas, um educador vai se formando na relação teoria e prática, pois, é a partir da reflexão que o educador se constrói enquanto indivíduo  em estado de transformação.
   A aproximação entre a teoria e a prática nos leva a novos horizontes que nos possibilitam buscar novas práticas de ensino que facilitam a aprendizagem dos alunos. O educador só poderá ensinar no momento em que aprender e só se aprende com diálogo, troca de experiências e pesquisas científicas.
 Com esta proposta de aprendizagem temos a Prática de Ensino como principal aliada na Prática Pedagógica.
   É importante frisar que, a formação docente é constituída antes e durante o caminho profissional que está sendo traçado, e que se faz também no social onde a formação docente depende tanto das teorias, quanto das práticas desenvolvidas na vida acadêmica, nesse sentido a prática de Ensino é fundamental.
   A Prática de Ensino exerce a função de proporcionar ao estudante a visão do ensino aprendizagem, dá o caminho, para a integração entre a teoria e a prática, e com isso prepara o aluno para o pleno exercício da profissão.
 Quando o discente integra as teorias referentes às compreensões de aprendizagem, escolhe a melhor forma de trabalhar, vencer as dificuldades e consegue obter uma atuação docente de qualidade.
   A reflexão sobre práticas educativas amplia a construção do conhecimento e com isto promove transformações que contribuem na vida e na formação dos indivíduos.
  A Prática  de Ensino, é fundamental para o futuro educador observar a realidade de onde ocorrerá a Prática Pedagógica, levando em conta suas características econômicas, culturais, socioeconômicas e tudo que o ambiente proporciona.
   A Prática de Ensino, é o alicerce para o futuro educador desenvolver transformações na sociedade, valorizando o aluno como um todo.
  
   
Questão 2:
- Conceitue avaliação educacional, numa perspectiva crítica da educação.

Desenvolvimento:
      O termo avaliação escolar é muito usado com o mesmo sentido de avaliação de aprendizagem, avaliação de aprendizagem escolar ou avaliação educacional. Neste sentido  a avaliação da aprendizagem foca mais o indivíduo e a avaliação educacional refere-se ao coletivo.
   A avaliação educacional é um trabalho realizado pelo educador ( docente ), com o objetivo de diagnosticar o processo ensino aprendizagem através do rendimento dos alunos.
  Existe várias maneiras de realizar uma avaliação educacional. Determinadas escolas utilizam o sistema de registro escrito, baseado no desempenho durante um período de observação, que pode ser bimestral por exemplo. Outras escolas ainda consideram os trabalhos, as provas, as tarefas, além de considerar as habilidades de cada um.
   Na realidade a avaliação educacional é uma revisão do trabalho pedagógico desenvolvido em sala de aula.
      Segundo Amélia Hamze, Profª FEB/CETEC, “A avaliação não deve priorizar apenas o resultado ou o processo, mas deve como prática de investigação, interrogar a relação ensino aprendizagem e buscar identificar os conhecimentos construídos e as dificuldades de uma forma dialógica”.
       Enfim, a avaliação educacional é um meio de obter informações sobre os avanços e as dificuldades de cada aluno, constituindo-se em um procedimento permanentemente de suporte ao processo ensino aprendizagem, de orientação para o professor planejar suas ações, a fim de ajudar o aluno a prosseguir com êxito, seu processo de escolarização.

Questão 3:
- Analise a influência do objetivismo e do subjetivismo na prática da avaliação educacional. Dê exemplos em sua área de formação.

Desenvolvimento:
      Para início de conversa, devemos entender o que são Paradigmas avaliativos.
   Paradigma é um modelo ou padrão a ser seguido. Conjunto de conceitos e métodos aceitáveis e úteis para um dado conjunto de estudiosos. Neste contexto caminha a influência do objetivismo e do subjetivismo na prática da avaliação educacional

         A influência do objetivismo tende a associar a avaliação com medidas dadas às suas bases epistemológicas calcadas no positivismo. O processo de avaliação da aprendizagem se dá através de testes e outros instrumentos de apreciação, onde se atribui qualidade ao que é avaliado.
   A principal característica, é o alinhamento com a objetividade, é a desnaturalização daquilo que se tem como conceito e contextualizá-lo como algo isolado, é transformar algo em coisa.
   O processo de avaliação pretende ser capaz de atribuir alguma qualidade ao que é avaliado independentemente do caráter ou índole do avaliador. Na mesma perspectiva, tem-se a expectativa de que se pode avaliar, aprovar, aceitar ou recusar qualquer coisa em conformidade com certos critérios ou com uma escala de valores.
   São preocupações existentes com a abjetividade:
a)  Com relação ao Professor:  -  preocupa-se com a objetividade cientifica e passa por
      um  processo de alienação na prática de ensino-aprendizagem;
b)  Aluno: -  são levados  a aprender determinados conteúdos tidos como importantes,
      mas que se distanciam de sua realidade social e de seus interesses;
c)  Processo Avaliativo:
    1) - Preocupação com a objetividade, com a reificação das coisas;
    2) - Ênfase na mensuração;
    3) - Rigor científico na construção dos instrumentos de avaliação;
    4) - Uso de testes e instrumentos objetivos;
    5) - Redução máxima dos critérios e valores subjetivos;
    6) - Expectativa de que se pode avaliar, aprovar, aceitar ou recusar qualquer
           coisa com certos critérios ou com uma escala de valores.
As principais críticas a influência do objetivismo são:
a)      Os alunos aprendem determinados conhecimentos tidos como importantes, mas que distanciam dos seus interesses pessoais ou sociais. Esses conhecimentos servem somente para fins de discriminação, classificação ou exclusão;
b)     Processo de avaliação implícito nas práticas de ensino, destituídos de sentido;
c)      Presta-se a finalidade de classificação, discriminação e exclusão;
d)     Está dissociada das realidades políticas e social.
  
 Exemplo de influência do objetivismo nas avaliações da Biologia.
  A avaliação ocorre em datas predeterminadas, em datas prémarcadas.
- Podemos citar os grandes Provões, como acontece com o ENEM, Vestibulares, SAEB.

Observação: 
O Saeb e a Prova Brasil se juntaram sob o mesmo nome, permanecendo apenas Saeb. No entanto, anteriormente, o Saeb era o sistema de avaliação que possuía Prova Brasil (ou Anresc) como uma de suas avaliações,
    O objetivo dessas avaliações é avaliar as redes ou sistemas de ensino e não os alunos individualmente. Portanto, elas são construídas e aplicadas com esse foco.

  II)         Análise da influência do Subjetivismo

     Subjetivo é uma palavra relativa ao sujeito, seu modo individual, pessoal ou particular de ser. É a influência qualitativa, associada à idéia de que há interferências subjetivas individuais nas intervenções científicas.
     A avaliação subjetiva é expressa pelo validador, de acordo com sua subjetividade, dispensando a análise de objetos concretos, observáveis ou mensuráveis. É a partir dessa influência que se reconhece que as interferências nas investigações científicas, por serem produzidas pelos cientistas, não são infalíveis.
    Tem a Tendência  do Construtivismo Social  e das Teorias Críticas. Desta forma a avaliação está sempre presente, é permanente e diária. O aluno é o centro dinâmico do processo de ensino aprendizagem.
    São preocupações existentes com o Subjetivismo:
a)        Com relação ao Professor: - Valoriza as intenções dos alunos ao longo do processo de ensino, aprendizagem e avaliação, enfatizando suas faculdades de percepção;
b)        Com relação ao Aluno: -  É colocado no centro dinâmico do processo de ensino e aprendizagem;  
c)         Processo Avaliativo: - É permanente, associada ao processo de ensino e aprendizagem. É expressa pelo avaliador, conforme sua subjetividade, sem que tenha de recorrer a objetos concretos e mensuráveis.
    Observação:
        A influência Subjetivista tem uma presença nos processos de avaliação educacional muito acentuada, disputando ainda hoje a hegemonia com a influência objetivista.
       As principais críticas às influências Subjetivas são:
1)  Atribui origens distantes e abstratas às coisas, servindo a grupos e classes hegemônicos interessados na manutenção da avaliação nessas bases.
2)  A incapacidade avaliativa.
3)  Exaltação do individualismo na redução do ser a uma vontade supra-individual.
4)  O paradigma subjetivista detém-se excessivamente no percurso e na modalidade da aprendizagem realizada, não preparando o aluno para situações competitivas, em que ele precise competir com outras pessoas. Isso é muito comum nos Concursos.

Exemplo de influência do Subjetivismo nas avaliações da Biologia.
- Avaliação continua em sala de aula, à avaliação é diária: observa-se a participação, o interesse, a execução das tarefas, a resolução dos exercícios, avalia-se o indivíduo de uma maneira holística.
     Podemos concluir que o paradigma objetivista, também chamado de paradigma quantitativo, é uma avaliação que ocorre em datas especiais, que são previamente determinadas, já no paradigma subjetivista, também denominado qualitativo a avaliação ocorre diariamente, está sempre presente e está associada ao processo de ensino e aprendizagem.

Bibliografia:
MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete avaliação educacional. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - Educabrasil. São Paulo: Midiamix, 2001. Disponível em: <http://www.educabrasil.com.br/avaliacao-educacional/>. Acesso em: 13 de fev. 2019.

FERNADES, Maria C. da S. Galan. Concepções de qualidade de ensino na perspectiva docente em um centro universitário privado e noturno. São Paulo. Faculdade de Educação, UNESP, 2002. 339p. Tese (Doutorado em Educação).

OLIVEIRA, Eloíza da Silva Gomes de.  Prática de Ensino 3 para Licenciatura – Métodos e Técnicas de Avaliação.v1/ Eloisa da Silva G. de Oliveira – Rio de Janeiro: Fundação CEDERJ,2005, 240P.

SANTOS, Ricardo Marinho dos. Diferentes Abordagens da Avaliação Educacional Segundo As Visões Objetivista e E Interacionista. Avaliação Educacional, Rio de Janeiro, 2 ago. 2018. Disponível em: http://gestaouniversitaria.com.br/artigos/diferentes-abordagens-da-avaliacao-educacional-segundo-as-visoes-objetivista-e-e-interacionista. Acesso em: 13 fev. 2019.

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