quinta-feira, 22 de março de 2012

A SAÚDE DO ENFERMEIRO



ENFERMEIRO: A PROFISSÃO DO SACRIFÍCIO



        VOCÊ E A  LUTA PELAS 30 HORAS




                         Introdução

               A Saúde do Trabalhador        

O processo de trabalho deve ser o centro das atenções na saúde do trabalhador, pois possibilita a análise da interseção adoecimento/sofrimento ligadosà atividade laboral, e de todos os fatores como as relações humanas e a significação do trabalho na vida do indivíduo. Dessa forma, através do estudo do processo de trabalho de diferentes profissionais, inclusive do enfermeiro, é possível considerar o seu desgaste físico e psíquico e estabelecer a relação causa-efeito com as diversas atividades produtivas ou laborativas. Assim, ao refletir sobre o processo de trabalho em saúde é possível relacioná-lo ao de diversos setores como a indústria, a economia entre outros, pois compartilha características comuns a estes.
                                                               



     Assim :
    Iniciemos com Sigmund Freud, pois ele nos apresenta de forma bastante precisa a dimensão que o trabalho tem na vida do indivíduo:
   Não é possível, dentro dos limites de um levantamento sucinto, examinar adequadamente a significação do trabalho para a economia da libido.

    Nenhuma outra técnica para a conduta da vida prende o indivíduo tão firmemente à realidade quanto a ênfase concedida ao trabalho, pois este, pelo menos fornece-lhe um lugar seguro numa parte da realidade, na comunidade humana.

    A possibilidade que essa técnica oferece de deslocar uma grande quantidade de componentes libidinais, sejam eles narcísicos, agressivos ou mesmo eróticos, para o trabalho profissional, e para os relacionamentos humanos a ele vinculados, empresta-lhe um valor que de maneira alguma está em segundo plano quanto ao de que goza como algo indispensável à preservação e justificação da existência em sociedade. A atividade profissional constitui fonte de satisfação especial, se for livremente escolhida, isto é, se, por meio da sublimação, tornar possível o uso de inclinações existentes, de 1 Psicóloga impulsos instintivos persistentes ou constitucionalmente reforçados (FREUD, 1930/1976, p. 144).


     A partir de Freud, consideramos a atividade profissional como sendo continente de muitos aspectos subjetivos, uma vez que em sua vivência podemos dar vazão a pulsões, podemos chegar a uma realização pessoal, enfim, temos a oportunidade de viver de forma emocionalmente mais rica e prazerosa, e portanto, com mais saúde. Porém não é dado como certo que o Trabalho seja sempre sentido desta maneira. É muito tênue adiferença que separa uma vivência profissional saudável da patológica, que sobrecarrega e fere emocionalmente o sujeito.
No caso do enfermeiro, sabemos não ser tarefa fácil conciliar este cuidado de ordem prática e emocional tal como apresentamos sob a denominação de função materna. O Enfermeiro, à sua maneira, pode encontrar um suporte sobre o qual possa se apoiar durante a sua atuação. Porém nem todos os Enfermeiros tem os mesmos recursos emocionais e conseguem “suportar” bem o envolvimento que têm com o paciente. Desta forma,  parece ser algo de extrema importância pensar neste cuidador; se ele está preparado para lidar emocionalmente com toda a carga emocional de que é depositário durante os atendimentos que realiza. Se a sua formação contempla, e de que maneira contempla, quando pensamos em cuidar da saúde mental deste Profissional da Enfermagem.




        Enfermagem é a arte de cuidar e a ciência cuja essência e especificidade é o cuidado ao ser humano, individualmente, na família ou em comunidade de modo integral e holístico, desenvolvendo de forma autônoma ou em equipe atividades de promoção, proteção, prevenção, reabilitação e recuperação da saúde. O conhecimento que fundamenta o cuidado de enfermagem deve ser construído na intersecção entre a filosofia, que responde à grande questão existêncial do homem, a ciência e tecnologia, tendo a lógica formal como responsável pela correção normativa e a ética, numa abordagem epistemológica efetivamente comprometida com a emancipação humana e evolução das sociedades.


                 A saúde dos enfermeiros


      O trabalho do enfermeiro sofre os impactos das transformações no mundo do trabalho do século XXI. Compreender como estas transformações têm  afetado a qualidade de vida e a saúde dos trabalhadores é um desafio para as pesquisas atuais.


     As longas jornadas de 12 horas, 24 horas, ou mais, plantões noturnos, e o multiemprego são exemplos de algumas modalidades de trabalho exercidas pelos enfermeiros. Estas características têm sido associadas a distúrbios musculoesqueléticos, à obesidade e hábitos de vida pouco saudáveis, tais como: dormir menos de 6h/dia, maior consumo de bebidas alcoólicas e cigarro. Levando-s  em conta a má condições de trabalho. Estes fatores aumentam a chance de desenvolvimento de diversos problemas de saúde, em especial, problemas cardiovasculares e psicológicos.

No Brasil, segundo Sarquis (2007) muitos trabalhadores de saúde principalmente na enfermagem, estão submetidos a processos de desgaste porque necessitam mais de um vínculo empregatício, o que se sobrepõe às atividades, diminuindo períodos de descanso e lazer. Portanto, o trabalhador realiza longas jornadas de trabalho de até 18 horas consecutivas, para depois realizar o descanso. Cecagno et al. (2002), refere que muitas vezes o trabalhador torna-se distante de seus familiares e de situações da vida diária por ter jornadas longas ou correr
entre dois ou três empregos, tornando-se alienado, irritado e estressado e afastando-se do convívio social e familiar. Dessa forma direciona a maior parte de seu tempo a atividades profissionais, deixando de lado questões subjetivas, pois passa a ver o trabalho em primeiro plano sem perceber os prejuízos que está acumulando não apenas para si como também à família.

        O trabalho em turnos, particularmente o trabalho noturno, está associado a agravos à saúde: distúrbios digestivos, problemas psíquicos, queixas do sono, doença coronariana e problemas na saúde reprodutiva. No caso dos trabalhadores de enfermagem que trabalham à noite, deve-se considerar que as consequências da privação de sono não incidem apenas sobre os trabalhadores, mas também sobre a assistência prestada aos pacientes, resultando na maior possibilidade de erros nos cuidados de enfermagem, já que podem diminuir o desempenho psicomotor. No entanto, os horários de sono durante o plantão noturno ainda não estão regulamentados no trabalho de enfermagem.
             
Observação:

Para Marzialle (1995) a carga horária de trabalho excessiva pode desencadear a fadiga mental nos profissionais, acarretar alterações na concentração, distúrbios do sono, desconforto físico, aumento das reações à luz e ruídos, sintomas esses mais comuns em enfermeiros do plantão noturno, seguidos dos enfermeiros do plantão da manhã e da tarde, o que pode ser relevante e contribuinte para o adoecimento crônico.

                             
       Os problemas de saúde entre os trabalhadores têm gerado manifestações de presenteísmo e absenteísmo. O afastamento do trabalho por motivos de saúde resulta em grandes perdas tanto para o trabalhador quanto para as instituições.

       Muitos são os fatores que obrigam ao trabalhador da enfermagem não se ausentar do trabalho para se tratar, um deles é as 40 horas semanais, que alguns hospitais impõem aos seus profissionais. Essas 40 horas estão ligadas a  condições que não respaldam ao trabalhador se afastar do trabalho por um período de 30 dias  ou mais, mesmo que seja por motivo de doença e como conseqüência deste afastamento impõe-se perda salarial. Desta forma o trabalhador, mesmo doente faz de tudo para não se afastar do trabalho. As consequências do presenteísmo, que se refere à “presença física do indivíduo no trabalho; porém com mau desempenho e baixa produtividade”,

        Muitas vezes, os trabalhadores comparecem ao trabalho, porém doentes, aspecto este que pode estar relacionado tanto a problemas de saúde propriamente ditos, como relacionado ao grau de motivação, engajamento ou satisfação com o trabalho.

      Assim, é notória  a necessidade e a importância de estudos sobre o efeito da organização do trabalho na saúde dos profissionais de enfermagem, que se expressa também através dos horários de trabalho, duração da jornada e ritmo de trabalho.
      A obtenção de evidências mais acuradas sobre as relações entre o trabalho e a saúde poderá contribuir para justificar a importância dos exames periódicos de saúde ( que as instituições privadas e públicas não submetem seus funcionários) integrados aos cuidados preventivos entre os trabalhadores de turnos, além de oferecer dados para subsidiar legislações específicas que protejam a saúde destes trabalhadores.
                       


     Uma Visão Ampla da Enfermagem


    A enfermagem é uma profissão que abrange uma diversificada maneira de conviver com as pessoas. Sendo uma profissão que convive com os seres humanos nos momentos mais críticos da sua vida, a enfermagem torna-se uma profissão que pode ser considerada  generalista, ou seja: apresenta  um diversificado conhecimento sobre as demais profissões.
     Como diz o dito popular:

   Todo Enfermeiro tem um pouco de: Médico, Educador, Psicólogo,
 Psiquiatra, Nutricionista, etc...

      Com toda essa diversidade da profissão a enfermagem também tem seus anseios e sofrimentos, pois, estes profissionais também são seres humanos e sofrem as conseqüências de desgaste físico e  mental, como qualquer pessoa.

     Hoje em dia podemos observar e analisar a enfermagem em vários aspectos, mais vamos nos prender no ser humano com necessidades e condições necessárias para exercer  sua profissão digna e saudável.

     Vejamos:

a.  Com Relação ao Sexo

-  A enfermagem é uma profissão predominantemente feminina e observa-se que num grupo de 100% de profissionais, 80% são do sexo feminino.

b.  Quanto a Idade

-  No Brasil, no momento, observa-se  que a idade média dos enfermeiros em exercício da profissão é de 48 anos, sendo que os mais novos têm em média 22 anos e os mais velhos têm em média 65 anos.

c.   Com Relação a Família

-     Mais da metade dos Enfermeiros são casados (em média 72%) e em média 67% tem filhos.

d.   Vínculo Empregatício

-      Observa-se que mais da metade do universo de Enfermeiros têm 02 (dois) vínculos empregatício e que grande parte  são funcionários públicos, em média 84%.

e.   Trabalho Profissional ( Carga Horária Semanal )
-   Com relevância a carga horária semanal, os enfermeiros apresentam uma carga horária bastante elevada ( pesada), entre  60 à 64 horas semanais.
f.  Trabalho Doméstico

-    como a enfermagem é uma profissão onde o maior número de profissionais é do sexo feminino, observa-se que o trabalho profissional, soma-se o trabalho doméstico ( realizado em casa ). É observado ainda que média o trabalho doméstico ocupa cerca de 16 horas semanais desse profissional.


g.    Trabalho Noturno


-    Como é notório o trabalho de enfermagem envolve o turno diurno e o noturno.  Sendo que um nº bem significativo (57%), tem um trabalho ou um emprego noturno. O que é muito desgastante e prejudicial para a saúde física e mental do profissional da enfermagem, isto porque ele não está só envolvido com o trabalho noturno, mas, esta envolvido a questão emocional  também ( convivendo com a dor, o sofrimento, o nascimento, a morte, etc...) .


h.     Satisfação com a Profissão e o Trabalho


-         Uma grande maiorias esta satisfeita com a profissão que abraçou ( 56%). Mais muitos relatam insatisfação com as condições de trabalho que as instituições lhes oferecem.

         Já com relação ao salário, quase a totalidade (97%), demonstra insatisfação, levando em conta a responsabilidade e o esforço que a profissão exige.

  

i.  Quanto ao Reconhecimento no Trabalho

-    Cerca de mais da metade, aproximadamente 60% dos enfermeiros alegam não receber o reconhecimento e o respeito adequado que deveriam receber.




j.     A Saúde do Enfermeiro


-    Como em qualquer profissão as pessoas adoecem e na enfermagem não poderia ser diferente.
      As doenças mais comuns identificadas nos profissionais de enfermagem são:

a.          Hipertensão Arterial   
  48%
b.          Dislipedemia
  43%
c.           Problemas Vascular     
  42%
d.           LER e DORT                 
  40%
e.          Gastrite                          
  32%
f.            Problemas Articulares  
  22%
g.         Doenças renais               
  19%
h.          Hérnia de Disco             
  13%
i.              Diabetes                          
  10%


Observação:

Definição de LER  e DORT     
Consiste em uma síndrome de dor nos membros superiores, com queixa de grande incapacidade funcional, causada primariamente pelo próprio uso dos membros superiores em tarefas que desenvolvem movimentos locais ou posturas forçadas. Também é conhecido por L.T.C. (Lesão por Trauma Cumulativo) e por D.O.R.T (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho), mas na realidade entre todos estes nomes talvez o mais correto tecnicamente seria o de Síndrome da Dor Regional. Contudo, como o nome L.E.R se tornou comum e até popular, esta é a denominação adotada no Brasil, e representa exatamente o que se trata a doença, pois relaciona sempre tais manifestações com certas atividades no trabalho. O diagnóstico diferencial deve incluir as tendinites e tenossinovitisprimarias a outros fatos, como reumatismo, esclerose sistêmica, gota, infecção gonocócica, traumáticas, osteoartrite, diabetis, mixidema, etc., uma vez que estas também representam frequentes lesões causadas por esforço repetitivo.
As lesões inflamatórias causadas por esforços repetitivos já eram conhecidas desde a antiguidade sob outros nomes, como por exemplo, na idade velha, a "Doença dos Quibes", que nada mais era do que uma tenossinovite, praticamente desaparecendo com a invenção da impensa. Já em 1891, De Quervain descrevia o "Entorse das Lavadeiras".



É muito comum as doenças Crônicas no profissional de enfermagem,  podemos citar os seguintes exemplos:

Hipertensão Arterial, o Diabetes Melittus e as Dislipidemias, assim podemos estar atentos e buscar a  prevenção de agravos e no  processo de trabalho em  enfermagem.

A Hipertensão Arterial (HA) foi a doença de maior prevalência entre os enfermeiros confirmando os achados na literatura, seguida de HA associada a Dislipidemias. A HA acomete, aproximadamente 22% da população adulta brasileira e corresponde a 15,2% das intervenções realizada no SUS, constituindo o fator de risco mais comum para doenças cardiovasculares, as quais representam a primeira causa de mortalidade no Brasil (BRASIL, 2002). 

        


Etc....                                                        


k.     Saúde  Psíquica e Emocional 

-    São muitas as queixas de  insônia, tensão e tristeza. Muitos perdem o sono pro preocupação (25%), muitos relatam depressão e tristeza (33%) e um número bem expressivo se sente incapaz de manter a atenção no que está fazendo ( 81% ).

l.   Preparação da Saúde de Cada Enfermeiro

-   Muitos Enfermeiros se consideram em bom estado de Saúde, quando comparado com outras pessoas de sua idade. Mais o que assistimos no dia-dia é que, o Enfermeiro em geral, cuida da Saúde das outras pessoas  e  esquece da sua.
     Observando-se  em percentagem tal colocação, temos um índice de 62% com esta resposta, mais a realidade evidenciada é outra. Muitos Enfermeiros mostram-se bem, mais a realidade é que as doenças: ocupacionais, de stress e emocionais estão presente na vida deste profissional.
     

m.    Abscenteísmos

-  O afastamento do enfermeiro é em número de 45% para tratamento de saúde, consultas médicas ou para fazer exames de rotina, pelo menos 01 (um) dia por ano.
   Lembrando que a profissão é formada na sua maioria de  pessoas do sexo feminino e tal afastamento é um direito previsto em lei.


Observação:

     Não  foi observado em órgão públicos ou privados obrigatoriedade de exames periódicos para os profissionais da saúde.


n.   Hábitos e Estilo de Vida          

-    Nos dias atuais são inúmeros os hábitos incorporados a vida de cada pessoa e o Enfermeiro não pode ficar  fora desse grupo.
    Como sabemos os hábitos de vida são fatores importantes para determinar a boa saúde ou a má saúde  de uma pessoa.
    Baseado neste fato observa-se entre os Enfermeiros  as seguintes informações sobre os hábitos e estilos de vida:

a. 69%- não praticam exercícios físicos
b. 80%- estão acima do peso
c. 12%- são fumantes
d. 19%- ingerem bebidas alcoólicas, + de 1 X/ semana     
e. 24%- se alimentam de forma inadequada, + de 4X/semana
f.  18%- se auto medicam                  
h. 40%- não fazer 2 alimentações adequadas diariamente
                                                                          
 Foi enumerado apenas alguns fatores preponderantes, se formos fazer um análise mais profundo podemos observar outras colocações que proporcionam uma má qualidade de vida de qualquer profissional.

   Tudo isso deve-se a complexidade de vida do profissional da saúde, em particular do Enfermeiro, que tem uma responsabilidade imensa, que é a de cuidar de pessoas.  Não podemos nos esquecer da sobrecarga de trabalho e do Stress do dia-dia deste profissional.
Observação:

O exercício físico regular reduz a pressão arterial sistólica e diastólica em normotensos, auxilia na redução dos níveis pressóricos dos doentes, e deve ser acrescentado ao tratamento não medicamentoso da hipertensão arterial. Reduz
também o peso corporal e contribui para a diminuição do risco de indivíduos normotensos desenvolverem hipertensão. A atividade física deve estar representada por exercícios físicos aeróbicos tais como caminhadas, ciclismo, natação e corrida,
realizadas numa intensidade entre 50 a 70% do consumo máximo do oxigênio, com duração de 30 a 45 minutos, três a cinco vezes por semana (SBH, 2006).
                                                          



o.   O Sono do Enfermeiro

-   O sono de boa qualidade é um dos fatores preponderantes para a saúde de qualquer pessoa.
      Devido a vida estressante que os Enfermeiros levam, principalmente os  que trabalham nos plantões noturnos, a saúde do Enfermeiro é afetada. Quando avaliamos quanto a satisfação com o sono um número bem considerado, aproximadamente 42%, afirmam estarem insatisfeitos com o sono.
      Lembrando que, o ser humano tem um relógio biológico que regula todo funcionamento do seu organismo, quando este relógio é alterado certamente o organismo certamente sofre danos.

     




BIBLIOGRAFIA :



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