Carta que Michel Temer enviou a
Dilma nesta segunda – 07/12/2015
Essa matéria tem como base fundamental as FONTES especificadas a baixo.
A GUERRA DO IMPEACHMENT NO MEIO POLÍTICO.
Meio a crise política, ética, moral e econômica em que passa o Pais, há um impasse político entre o Vice- presidente (Michel Temer - PMDB) e a presidente ( Dilma- PT ), e esse impasse gera uma carta em que o Vice- presidente mostra todo o seu descontentamento com o tratamento recebido pela presidente.
A mensagem, segundo a assessoria da Vice-Presidência, foi enviada em "caráter pessoal" à chefe do Executivo e, nela, Temer não "não propôs rompimento" com o governo ou entre partidos, mas defendeu a "reunificação do país".
Temer havia passado os últimos dias sem se pronunciar sobre o acolhimento pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de pedido de abertura de processo de impeachment para Dilma.
Nesta segunda-feira ( 07/12/2015), Temer participou de evento público em São Paulo, mas não se manifestou sobre o caso.
O PMDB, principal partido da base aliada ao governo, está dividido em relação ao apoio ao processo de impeachment de Dilma.
Durante relato na carta, Temer escreve que
passou o primeiro mandato de Dilma como um "vice decorativo", que
perdeu "todo protagonismo político" que teve no passado e que só era
chamado "para resolver as votações do PMDB e as crises políticas".
Depois, lista fatos envolvendo derrotas que sofreu com atos da presidente.
Temer
cita inclusive o caso de Eliseu Padilha, ex-ministro da Aviação Civil que pediu demissão nesta 2ª feira após dias de especulação. Na coletiva de imprensa na qual explicou os motivos da saída do governo, Padilha
mencionou, entre outros fatores, a indicação de um técnico para o comando da
Agência Nacional de Aviação Civil, feita por ele e barrada pelo governo.
Meio a tanta surpresa, o meio político reagiu com comentários surpreendentes e as redes sociais não perdoaram a medida e expressaram gozações.
A crise política enfrentada pelo Brasil se agravou com a divulgação da carta escrita pelo vice-presidente da República Michel Temer (PMDB) à presidente Dilma Rousseff (PT) , mas há quem encontre humor na situação.
O Twitter não deu trégua e se manifestou de maneira crítica e objetiva.
Veja a carta na íntegra :
São Paulo, 07 de dezembro de 2015
Senhora Presidente,
“Verba volant, scripta manent”.
Por isso lhe escrevo. Muito a propósito do intenso noticiário destes últimos dias e de tudo que me chega aos ouvidos das conversas no Palácio.
Esta é uma carta pessoal. É um desabafo que já deveria ter feito há muito tempo.
Desde logo lhe digo que não é preciso alardear publicamente a necessidade da minha lealdade. Tenho-a revelado ao longo destes cinco anos.
Lealdade institucional pautada pelo art. 79 da Constituição Federal. Sei quais são as funções do Vice. À minha natural discrição conectei aquela derivada daquele dispositivo constitucional.
Entretanto, sempre tive ciência da absoluta desconfiança da senhora e do seu entorno em relação a mim e ao PMDB. Desconfiança incompatível com o que fizemos para manter o apoio pessoal e partidário ao seu governo.
Basta ressaltar que na última convenção apenas 59,9% votaram pela aliança. E só o fizeram, ouso registrar, por que era eu o candidato à reeleição à Vice.
Tenho mantido a unidade do PMDB apoiando seu governo usando o prestígio político que tenho advindo da credibilidade e do respeito que granjeei no partido.
Isso tudo não gerou confiança em mim. Gera desconfiança e menosprezo do governo.
Vamos aos fatos. Exemplifico alguns deles.
1. Passei os quatro primeiros anos de governo como vice decorativo. A Senhora sabe disso. Perdi todo protagonismo político que tivera no passado e que poderia ter sido usado pelo governo. Só era chamado para resolver as votações do PMDB e as crises políticas.
2. Jamais eu ou o PMDB fomos chamados para discutir formulações econômicas ou políticas do país; éramos meros acessórios, secundários, subsidiários.
3. A senhora, no segundo mandato, à última hora, não renovou o Ministério da Aviação Civil onde o Moreira Franco fez belíssimo trabalho, elogiado durante a Copa do Mundo. Sabia que ele era uma indicação minha. Quis, portanto, desvalorizar-me. Cheguei a registrar este fato no dia seguinte, ao telefone.
4. No episódio Eliseu Padilha, mais recente, ele deixou o Ministério em razão de muitas “desfeitas”, culminando com o que o governo fez a ele, Ministro, retirando sem nenhum aviso prévio, nome com perfil técnico que ele, Ministro da área, indicara para a ANAC.Alardeou-se a) que fora retaliação a mim; b) que ele saiu porque faz parte de uma suposta “conspiração”.
5. Quando a senhora fez um apelo para que eu assumisse a coordenação política, no momento em que o governo estava muito desprestigiado, atendi e fizemos, eu e o Padilha, aprovar o ajuste fiscal. Tema difícil porque dizia respeito aos trabalhadores e aos empresários. Não titubeamos. Estava em jogo o país. Quando se aprovou o ajuste, nada mais do que fazíamos tinha sequencia no governo. Os acordos assumidos no Parlamento não foram cumpridos. Realizamos mais de 60 reuniões de lideres e bancadas ao longo do tempo, solicitando apoio com a nossa credibilidade. Fomos obrigados a deixar aquela coordenação.
6. De qualquer forma, sou presidente do PMDB, e a senhora resolveu ignorar-me, chamando o líder Picciani e seu pai para fazer um acordo sem nenhuma comunicação ao seu Vice e Presidente do Partido. Os dois ministros, sabe a senhora, foram nomeados por ele. E a senhora não teve a menor preocupação em eliminar do governo o Deputado Edinho Araújo, deputado de São Paulo e a mim ligado.
7. Democrata que sou, converso, sim, senhora Presidente, com a oposição. Sempre o fiz, pelos 24 anos que passei no Parlamento. Aliás, a primeira medida provisória do ajuste foi aprovada graças aos 8 (oito) votos do DEM, 6 (seis) do PSB e 3 do PV, recordando que foi aprovado por apenas 22 votos. Sou criticado por isso, numa visão equivocada do nosso sistema. E não foi sem razão que em duas oportunidades ressaltei que deveríamos reunificar o país. O Palácio resolveu difundir e criticar.
8. Recordo, ainda, que a senhora, na posse, manteve reunião de duas horas com o Vice-Presidente Joe Biden — com quem construí boa amizade — sem convidar-me o que gerou em seus assessores a pergunta: “O que é que houve que numa reunião com o Vice-Presidente dos Estados Unidos, o do Brasil não se faz presente? Antes, no episódio da “espionagem” americana, quando as conversas começaram a ser retomadas, a senhora mandava o Ministro da Justiça para conversar com o Vice-Presidente dos Estados Unidos. Tudo isso tem significado absoluta falta de confiança;
9. Mais recentemente, conversa nossa (das duas maiores autoridades do país) foi divulgada e de maneira inverídica, sem nenhuma conexão com o teor da conversa.
10. Até o programa “Uma Ponte para o Futuro”, aplaudido pela sociedade, cujas propostas poderiam ser utilizadas para recuperar a economia e resgatar a confiança, foi tido como manobra desleal.
11. PMDB tem ciência de que o governo busca promover a sua divisão, o que já tentou no passado, sem sucesso.
Passados estes momentos críticos, tenho certeza de que o País terá tranquilidade para crescer e consolidar as conquistas sociais.
Finalmente, sei que a senhora não tem confiança em mim e no PMDB hoje e não terá amanhã.
Lamento, mas esta é a minha convicção.
Respeitosamente, \ L TEMER
A Sua Excelência a Senhora
Doutora DILMA ROUSSEFF
DO. Presidente da República do Brasil
Palácio do Planalto
Brasília, D.F.
Veja abaixo a repercussão política da carta de Temer a Dilma:
01. Carlos Lupi, presidente nacional do PDT
"Eu já começo me perguntando, quem é que confia inteiramente no PMDB? O PMDB é como uma federação, cada estado tem uma realidade e você tem, dentro do PMDB, o que apoiou a Dilma e o que apoiou o Aécio. Então, outra coisa que pergunto: de qual PMDB ele fala na carta? Acho que ele está atrasado. Afinal, se no primeiro mandato ele ficou como vice figurativo, por que aceitou ser vice outra vez? Neste momento, me parece oportunismo e isso não é coerente com o histórico do Michel Temer. Agora, a população não é boba e está vendo como o processo está se dando. Ele é o principal beneficiário dessa história, isso é inegável. Está tudo muito estranho e isso me cheira a oportunismo."
02. Eunício Oliveira (CE), líder do PMDB no Senado
"É difícil fazer uma avaliação sobre o conteúdo da carta neste momento porque só tomei conhecimento do conteúdo por meio da imprensa. É difícil fazer uma avaliação sem ouvi-lo sobre isso. O que está ali é uma avaliação pessoal do vice-presidente que foi escrita em uma carta endereçada à presidenta. Este é um assunto entre ele e ela, e só cabe aos dois falar sobre o assunto."
03. Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), deputado federal
"Não acho que é um rompimento. Acho que a carta do Michel foi para restabalecer verdades. A presidenta Dilma estava querendo se vitimizar e colocar Michel, constranger Michel a assumir uma posição contra o impeachment. Michel, como vice, não tem que ser nem contra nem a favor de impeachment. Ele tem que cumprir seu dever constitucional, que é caso haja impedimento da presidenta, ele assumir a Presidência da República. Com toda certeza, a partir da própria carta do presidente Michel Temer, ele que é o presidente do PMDB, quando ele demonstra insatisfações, logicamente ele vai atrair a solidariedade de muitos colegas. Se não existisse Michel, com certeza o partido não teria feito a aliança [com o PT] nas últimas eleições."
04. Luiz Fernando Pezão (PMDB), governador do Rio de Janeiro
"Não tenho poder nenhum para mediar uma conversa entre os dois e não acredito que o Temer esteja se afastando.
Minhas posições são claras e acho que o impeachment é um desserviço num momento de tão grande crise. O PMDB ajudou a eleger a presidente e agora tem de ajudar a governar. Mas esse é um problema que tem de ser mediado em Brasília. Vocês nunca vão me ver incendiando. Sou um homem de diálogo, de consenso. [...] O vice foi muito utilizado. Cada governante dá a utilização que quiser. Se ela não quis... Mas ela sempre o ouviu. Vice é para ajudar a governar."
05. Paulo Bauer (SC), vice líder do PMDB no Senado
"O desabafo do vice-presidente demonstra que a presidente da República não tem habilidade política sequer para contar com o apoio de quem foi eleito ao seu lado na campanha de 2014. O vazamento do teor da carta deixa claro que a rotina no Palácio do Planalto é tomada pela intriga e pela desconsideração, que caminham juntas. É um rompimento explícito de Temer com Dilma."
06. Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM no Senado
"A carta de Michel Temer é uma declaração a favor do impeachment de Dilma. Sem rodeios."
07. Vicentinho (PT-SP), deputado federal
"Ontem, eu fiz um pronunciamento na Câmara manifestando minha maior confiança de que ele não trairia a presidenta e não se juntaria ao golpe. Esta carta, e eu a li na íntegra, constata, em que pesem as reclamações, não é motivo para separação. Não acho que ele vai para o golpe, a menos que ele esteja plantando uma justificativa. Mas, se ele for para o golpe, os argumentos ali são frágeis. O que ele falou, se resolve. Agora, claro, seria melhor que eles tivessem tido essa conversa pessoalmente ou que ele reclamasse daquelas coisas na época, não juntando tudo em uma carta. Agora podem acontecer duas coisas: eles sentam para conversar, o que é o melhor caminho, ou ele fortalecerá a bancada que quer o impeachment."
O que não faltou foi comentários oportunistas meio a tanta falta de ética e ideologia. Em fim, a carta que Temer tirou da manga escancara tumores que apressam o apodrecimento do desgoverno de Dilma.
A carta que Michel Temer tirou da manga provocou estragos de bom tamanho no Palácio do Planalto. Entre eles se destaca a exposição de três tumores que vêm apressando o apodrecimento galopante do governo Dilma Rousseff.1º Tumor:
No quesito habilidade política, a presidente é uma procissão de notas zero com louvor. Quando age por conta própria, não acerta uma. Quando se move orientada por Lula, erra todas.
2º Tumor:
O chamado “núcleo duro” do Planalto é formado por perfeitas bestas quadradas. Uma governante que tem como conselheiros um Jaques Wagner ou um Ricardo Berzoini não precisa de inimigos.
3º Tumor:
A seita lulopetista não celebra acordos partidários. Em vez disso, faz contratos de arrendamento ou combina casamentos de conveniência sempre subordinados a uma cláusula pétrea:
“Nós mandamos, os outros obedecem”.
Assim, somados, os três tumores avisam que não há esperança de salvação para um poste que só não é grosseiro com seu fabricante, finge que não vê as rachaduras em acelerada expansão e, antes de desmanchar-se em escombros, faz o que pode para quebrar de vez o Brasil.
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