sábado, 4 de setembro de 2010

BRASIL NÃO É MAIS UM PAÍS DE JOVENS

O Brasil está envelhecendo




O Brasil está envelhecendo.
Em 2025 seremos o sexto país em população idosa no mundo. A razão disso é a fase de transição populacional em que o Brasil se encontra. "Pergunte para uma pessoa de 30 anos: quantos filhos teve sua avó? Quantos filhos teve a sua mãe? Quantos filhos você pretende ter?", segundo a professora Alice Derntl da Faculdade de Saúde Pública da USP, a resposta a essas perguntas é a melhor representação do que está acontecendo com a população brasileira. As taxas de natalidade diminuiram drasticamente nos últimos 40 anos. Entretanto, antes disso a mortalidade também diminuiu. "Ainda nasce muita gente e essas pessoas estão morrendo menos e vivendo mais. Nós vamos ter um aumento artificial demográfico em função disto".


Cansávamos de ouvir afirmar, há poucos anos, que o Brasil era um país de jovens, cuja população concentrava-se na faixa etária entre zero e 14 anos. Mas essa é uma história do passado, do já quase longínquo século 20. Tudo está mudando, e no ano 2050 – portanto, ali mesmo, numa curva do tempo – contabilizaremos nada menos que 58 milhões de cidadãos acima dos 60 anos. Desses, 10 milhões terão 80 anos ou mais, e cerca de 55 mil serão centenários.
Estes números, impressionantes em valores absolutos, crescem ainda mais se analisados sob o impacto que provocam na população total. Veja o gráfico abaixo.
No período compreendido entre os anos de 1950 e 2050, a população brasileira terá pulado de cerca de 54 milhões de habitantes para 247 milhões. Enquanto isso, o número de idosos no país – pessoas com 60 anos ou mais – terá passado de 2,628 milhões para 58,3 milhões. Isso significa dizer que em 2050 contaremos com uma população de idosos maior que a total registrada no ano de 1950. E antes que alguém pense que estamos tratando de um futuro distante, é bom lembrar que em 2050 terão 60 anos todos os cidadãos nascidos em 1990, ano em que Fernando Collor tornou-se presidente do Brasil, em que as duas Alemanhas finalmente se reunificaram e em que os Estados Unidos se preparavam para invadir o Iraque pela primeira vez.
Mas o Brasil não está sozinho nessa reviravolta do perfil populacional. Todos os países do mundo, em maior ou menor grau, enfrentam a mesma perspectiva. O planeta certamente será outro daqui a 47 anos.
A humanidade atravessa um ciclo chamado transição demográfica, que se caracteriza pela queda acentuada das taxas de mortalidade e de fertilidade. A soma desses dois fatores – as pessoas vivendo mais, ao mesmo tempo em que menos nascimentos ocorrem – resulta no envelhecimento global. Só na última metade do século 20, a duração média de vida dos seres humanos se ampliou em cerca de 20 anos. O declínio da fertilidade foi um fator determinante para o envelhecimento da população. Nos últimos 50 anos, a taxa global de nascimentos encolheu quase 50%, e deve continuar nesse ritmo, atingindo em 2050 o índice de 2,1 crianças por mulher.
A taxa de mortalidade também acompanha a tendência de queda dos índices de fertilidade, o que intensifica ainda mais o envelhecimento global da população. Esse processo é resultado de uma série de fatores. A ciência e a tecnologia, por exemplo, produzem mais e melhores medicamentos e possibilitam um aumento nas produções agrícola e industrial. E, apesar das muitas discrepâncias que ainda existem, o abismo social entre os povos tem sido reduzido.
Ainda há um outro fator que torna mais agudo o envelhecimento populacional em todo o planeta: as faixas mais idosas da população, onde estão concentradas as pessoas com 80 anos ou mais, terão sua expectativa de vida ampliada em comparação à da faixa mais “jovem” de idosos, aqueles com idades entre 60 e 79 anos. Nas próximas cinco décadas, a expectativa de vida aos 60 anos deverá crescer de 18,8 para 22,2 anos – um aumento de 18%; aos 65, deverá passar de 15,3 para 18,2 anos – aumento de 19%; e aos 80, a expectativa de vida média de um ser humano vai passar de 7,2 para 8,8 anos – um acréscimo de 22%.
Como se vê, a faixa populacional dos mais idosos passa a ter uma importância significativa, como mostra o quadro a seguir:
Em 2050, haverá 379 milhões de idosos em todo o mundo. Desse total, 61,4 milhões serão nonagenários e 3,2 milhões, centenários. O Brasil, que estará entre os seis países mais populosos do mundo em 2050, deterá a nona maior população de centenários.
Os dados estatísticos do Desa – Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU revelam outras particularidades sobre o envelhecimento da população:
• Atualmente, a maioria dos idosos – cerca de 65% – é composta por mulheres;
• Uma em cada 10 pessoas tem 60 anos ou mais. Em 2050, essa relação cairá para uma pessoa em cinco, e em 2150, um habitante da Terra em cada grupo de três terá mais de 60 anos de idade;
• O ritmo de envelhecimento populacional nos países em desenvolvimento tem sido mais rápido que o observado nas nações desenvolvidas. Por isso, os países mais pobres terão menos tempo para se adaptar a esse novo perfil populacional. Em compensação, eles poderão aprender bastante com os países que já estão enfrentando a questão;
• O desequilíbrio populacional no mundo levará a uma concentração de idosos nos países menos desenvolvidos. Em 2025, 57% da população acima dos 80 anos estarão vivendo nas regiões mais pobres, e em 2050 essa proporção aumentará para 70%.

VEJAMOS:

O aumento na expectativa de vida, em conseqüência da melhoria da qualidade da assistência médica e do saneamento básico, a redução da fecundidade, assim como a diminuição da mortalidade são fatores responsáveis pela modificação da pirâmide etária no sentido de um grande aumento da população idosa.
Com o envelhecimento populacional, também se observa uma mudança no quadro de morbi-mortaliddade. O Brasil passou de um perfil de morbi-mortalidade típico de uma população jovem, isto é, integrado por doenças infecciosas e parasitárias na década de 50, quando as mesmas perfaziam um total de 40% dos óbitos, para um, caracterizado por doenças crônicas, próprio das faixas etárias mais avançadas. Estas, que constituíam 11,8% dos óbitos, passaram a ser responsáveis por 31,3%, contra apenas 5,9% das doenças infecto-parasitárias.
As doenças do aparelho circulatório aparecem como as principais causas de morte entre a população idosa. Entretanto, sua participação relativa tem diminuído, ao longo do período, em todos os grupos etários e em ambos os sexos. Em contrapartida, observa-se que os outros grupos de causas de morte têm sua participação relativa aumentada. Entre eles, destacam-se as doenças do aparelho respiratório que aumentam, sobretudo, nas idades mais avançadas e as neoplasias, que têm sua participação aumentada, principalmente, no grupo etário 60-69 anos.
Dados do Ministério da Saúde revelam que as principais causas de óbito, entre os idosos brasileiros, recaem sobre as doenças do aparelho circulatório (36,0%), o câncer (14,7%) e as doenças do aparelho respiratório (12,6%), correspondendo, essas três causas, a mais de 60% do total de óbitos.
Como vimos, nosso país está envelhecendo e todo um perfil sociodemográfico está mudando. Será que estamos preparados para essa nova realidade?

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