Grelina é um hormônio produzido pelo estômago. Quando está vazio, ele age no cérebro e dispara a sensação de fome. Na medida que a pessoa ingere o alimento ele vai diminuindo sua concentração.
Esse hormônio, o grelina, foi descoberto por pesquisadores japoneses em 1999, mas foram os cientistas britânicos que revelaram ser ele um estimulante da fome.
Pesquisadores da Califórnia e da Universidade de Washington analisaram sangue de pessoas que seguiam uma dieta e de outras submetidas à cirurgia conhecida como "marca-passo gástrico", que diminui a capacidade do estômago, reduzindo a fome.
Descobriram, então, que os operados produziam uma quantidade menor de "Grelina". Também constataram que o contato de nutrientes com a parede do estômago torna mais lenta a produção do hormônio. Por outro lado, lembramos que quando os alimentos passam do estômago para os intestinos há a liberação do hormônio PYY, que também age no cérebro, ativando o centro da saciedade, diminuindo a fome.
O segredo da alimentação no controle da obesidade está em utilizar esses conhecimentos. Os carboidratos simples, como a batata e os doces, são absorvidos antes que os intestinos liberem o hormônio PYY inibidor da fome. O excesso de carboidratos se transforma em gordura para ser armazenada, podemos usar esse conhecimento e melhorar a nossa forma de alimentação.
As proteínas e as gorduras, principalmente das carnes, passam mais rapidamente para os intestinos liberando logo o hormônio PYY e provocando mais rápida a sensação de saciedade.
Na sua alimentação normal, o brasileiro costuma comer tudo junto, ou seja, salada, arroz, feijão, carne e legumes. Se raciocinarmos de acordo com a liberação dos hormônios citados, respeitando seus tempos, poderemos ter melhores resultados no emagrecimento.
Não sei como as pessoas verão a inversão de ingestão dos alimentos, trocando a ordem. Por exemplo, se ingerirmos primeiro a carne, as verduras, os legumes e somente depois o arroz e o feijão. Essa ordem pode melhorar a liberação dos hormônios.
Outra coisa a fazer é não ficar muito tempo com o estômago vazio. O melhor é comer poucas quantidades mais vezes ao dia. Com calma pode-se elaborar a melhor forma de alimentação aproveitando esses conceitos modernos.
Exercício Físico e a Liberação dos Hormônios Grelina e Leptina
O papel do exercício no controle de peso é geralmente associado com o efeito direto do déficit de energia durante a atividade física, que por sua vez cria um balanço energético negativo e leva à perda de peso.
No entanto, é possível que o exercício físico possa influenciar a massa corporal indiretamente, exercendo alguma influência sobre a regulação do apetite (KING, NA et al, 2009).
Em 1956, Mayer et al examinaram a questão da atividade física e seus benefícios para a regulação do balanço energético, e, embora não tenha sido visto nenhum efeito direto sobre o apetite, foi visto no estudo que a atividade física poderia melhorar o equilíbrio de energia por regulação do apetite. Além disso, outros estudos mostram que o exercício poderia melhorar o sistema de regulação do apetite (WILMORE, JH, 1983).
Recentemente, dois hormônios gastrintestinais tem demonstrado relação com o comportamento alimentar em curto prazo: a grelina, um estimulador de apetite em nível de hipotálamo, que trabalha em curta escala de tempo entre refeições (KOJIMA, M; HOSODA, H; DATE, Y, 1999; ARORA, S, 2006) e a leptina, que é um hormônio que age no Sistema Nervoso Central, em particular no hipotálamo, inibindo o consumo alimentar em longo prazo, e estimulando o gasto energético (ZHANG, Y, et al, 1994).
Uma série de estudos, tem sido feitos com a leptina relacionada a atividade física (SUDI, K, et al, 2001; KRAEMER, RR; CHU, H, CASTRACANE, D, 2002), entretanto, o mesmo não procede com o hormônio grelina, sendo compreensível este fato devido o mesmo ser relativamente novo (MOTA, GR; ZANESCO, A, 2007).
Dentre os estudos que abordam a leptina, Olive e Miller (2001) investigaram o efeito de diferentes sessões de exercício sobre os níveis de leptina em homens treinados. Nesse estudo, concluiu-se que exercício prolongado, de moderada intensidade, diminuiu os níveis de leptina, com um atraso de 48h após exercício. No entanto, uma atividade física de curta duração, de intensidade máxima, não afeta os níveis de leptina. Ainda, em um outro estudo realizado por Landt et al (1997) demonstraram que a concentração plasmática de leptina diminuía 32% em ultramaratonistas após atividade extenuante constituída de 101 milhas de corrida, com 35,8 ± 11,1 horas de duração e grande gasto energético.
Em relação à grelina, os poucos estudos realizados com este hormônio mostram que não há alteração plasmática nos níveis de grelina em resposta ao exercício (MOTA, GR; ZANESCO, A, 2007). Um estudo verificou que após um ano de intervenção com exercícios aeróbios em mulheres com sobrepeso, após a menopausa, a concentração plasmática de grelina aumentou. Esse aumento ocorreu mesmo na ausência de dieta ou alterações no consumo energético. Entretanto, segundo os autores, o incremento dos níveis de grelina ocorreu não pelo exercício em si, mas pela perda de peso (FOSTER-SHUBERT, et al, 2005).
Por último, um estudo recente realizado por KING et al (2009) verificou que o efeito do exercício físico sobre a regulação do apetite envolve pelo menos dois processos: aumento da ingestão alimentar e um aumento concomitante na saciedade de uma alimentação.
Sendo assim, é importante que o profissional fique atento à estes avanços da ciência, para que consiga ter uma melhor abordagem com seu paciente.
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